Nossa tão decantada civilização tecnológica está em crise, e não é preciso esforço para perceber isso. A técnica, o tecnicismo e a alta tecnologia, associadas a uma forma de viver moderna, igualmente técnica, mas cada vez mais estereotipada por basear-se no consumo e na premissa da ostentação pragmática, está apontando para a falácia de mais uma promessa da civilização industrial: pôr nos meios de produção e/ou no extremo desenvolvimento e acúmulo material sem a devida preocupação com os valores ecológicos e humanos a chave para a felicidade humana (hoje, tudo isso tem separado cada vez mais o homem do homem, o homem da natureza, e o homem de si mesmo por impor papeis alienantes, estereotipados, muito pouco humanistas). O resultado atual de toda esta história é que vivemos numa época cuja principal característica está na divisão de tudo: desde a divisão de classes sociais, que atualmente é ainda mais reforçada, no chamado darwinismo social.
O argumento de que, em nosso século, o desenvolvimento técnico e tecnológico de equipamentos médicos tenham sido as principais responsáveis pelo aumento da taxa de vida também é questionável. Foram as melhorias sanitárias, a conquista de direitos sociais, a educação higiênica e o entendimento dos processos de transmissão de doenças (com os trabalhos, por exemplo, de um não médico, como Louis Pasteur), a Educação Preventiva que tiveram um papel considerável na melhoria da saúde pública. A parafernália técnica está quase totalmente voltada para o diagnóstico de doenças, muitas das quais perfeitamente evitáveis com uma eficaz educação preventiva, mas que possuem a área da modernidade milagrosa.
Este paradigma se caracteriza por idealizar uma realidade, ou melhor, uma concepção/visão de mundo mecânica, determinista, material e composta, ou seja, parte do pressuposto por analogia de que o universo é uma maquina composta por "peças" menores que se conectam de modo preciso. E essa concepção de mundo teve um grande impacto não só na Física, mas muito mais, pelas suas conseqüências filosóficas, em Biologia, Medicina, Psicologia Economia, Filosofia e Política. A extrema fragmentação das especializações, a coisificação da natureza, a ênfase no racionalismo e na fria objetividade e o desvincula mento dos valores humanos superiores, a abordagem mercantil competitiva na exploração da natureza, a ideologia do consumismo desenfreado, as diversas explorações com fins de se obter qualquer vantagem em cima de outros seres vivos, etc. têm sua fundamentação filosófica numa pretensa visão "científica" de um universo mecanicista, reducionista, tecnicista, fragmentado, dividido e individualizado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário